O dia 16 de Outubro é dedicado, a nível mundial, ao problema da alimentação. Talvez passe despercebido para a maioria das pessoas e até da comunicação social, todavia, merece alguma reflexão.
Nos últimos anos tem-se falado mais numa alimentação racional e saudável. Até as crianças do ensino básico falam de calorias e vitaminas, indispensáveis à vida humana, mas ingeridas de uma forma equilibrada.
Todos sabemos que o tipo de alimentação é parte integrante dos hábitos, gostos, clima e até do estilo de vida. Podemos dizer que é um problema cultural.
Nesta questão da alimentação, como em tudo, encontramos sempre os extremistas. Uns, que não se impõem limitações, outros, sob o pretexto de defender a saúde, deixam de comer aquilo que lhes agrada. O ideal será gozar de uma boa saúde, desfrutando de comida saborosa.
Na semana passada, de 4 a 6 de Outubro, efectuou-se em Palma de Maiorca, a Conferência Internacional sobre a Dieta Mediterrânica, incluindo médicos, estudiosos de dietas e saúde, com a finalidade de promover o regime gastronómico das populações do mediterrâneo. É uma tentativa para recuperar as tradições alimentares dos habitantes da bacia mediterrânica, incluindo Portugal.
Defendem o consumo de fruta, verduras, legumes, pão, arroz, cereais e batatas, produtos lácteos, peixe, azeite, vinho em quantidades moderadas e às refeições. Ainda tem sentido e razão de ser, a trilogia do pão, vinho e azeite da Península Ibérica.
Penso que ninguém terá dúvida acerca deste tipo de alimentação, confrontada com o chamado "fast food", a invadir os grandes centros urbanos e até algumas cidades do Interior.
Fazer dieta, como a de estilo mediterrânico, acompanhada de outras regras, como fazer exercício com regularidade, não fumar e evitar o stress, são condicionantes para uma vida saudável. De uma forma geral, na Europa come-se demais e sem regras, daí resultando factores de risco cardiovasculares, tais como a trombose e hipertensão, diabetes, obesidade e, dizem os entendidos, até alguns tipos de cancro.
No Dia Mundial da Alimentação não podemos deixar de pensar em milhões de seres humanos que morrem de fome e para quem não há alternativas.
Vivemos num mundo profundamente injusto e mau. Na Europa, penalizam-se aqueles que ultrapassam as quotas de produção. Multam-se os agricultores que produzem leite a mais, enquanto ao nosso lado em muitos países de África nem água têm para beber e muito menos leite. Nos Estados Unidos deitam-se ao mar toneladas de alimentos para manter os preços.
É dura, mas verdadeira, a expressão de que "vivemos num mundo de cão".
O dia 16 é aproveitado para reflectir sobre uma alimentação saudável mas também de forte apelo à consciência dos homens, para que haja mais solidariedade e sentido de partilha com aqueles que mais precisam.