HUMILDADE

Francis Obikwelu interrompeu por várias vezes o discurso que fazia depois de receber o prémio de «atleta masculino do ano» da Confederação do Desporto de Portugal. O atleta não conteve a emoção, virou costas, tentou esconder as lágrimas que teimavam em cair dos olhos, colocou as mãos na cabeça. O público aplaudiu de pé no maior momento da noite do Casino do Estoril.
«Estou a tentar falar em português, mas ainda não sei muito bem», disse o atleta de origem nigeriana, enquanto a emoção ainda não aparecia. «Quero agradecer a todos porque se não fosse Portugal não sei como teria sido a minha vida. Ajudaram-me muito», referiu Obikwelu.
A partir deste momento as lágrimas do recordista português não pararam de cair até abandonar o palco. «Este é o melhor país do Mundo», referiu. A plateia emocionava-se com Obikweku e incentivava-o a continuar. «Apoiou-me muito quando sofri abandonado pela selecção da Nigéria. Recorri a Portugal e concretizei o meu sonho». Obikwelu voltava a chorar, virava costas ao microfone e tentava controlar-se. Colocava as mãos na cabeça, mas continuava a chorar. «Vou continuar a honrar e fazer o melhor pelo atletismo e por este país. Vocês merecem. Não tenho mais palavras, apenas para dizer que os jovens são o mais importante que existe, principalmente aqueles que não têm pais. Ajudar os que nada têm é o meu objectivo.»
Obikwelu voltou ao seu lugar, mas as lágrimas não pararam de cair. E Rui Costa não lhe ficou indiferente. O jogador do Benfica, quando foi receber o prémio de «Alto Prestígio», passou pela mesa de Obikweku e passou-lhe as mãos pela cara em sinal de conforto. O atleta aceitou o cumprimento entre dois campeões.

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